Olá a todos,
Estamos a viver tempos emocionantes na área da saúde digital um pouco por toda a parte. Os eventos multiplicam-se (muitas vezes até competem entre si) e trazem consigo um conjunto de esperanças, desafios e também receios. A título de exemplo apenas aqui na cidade do Porto onde resido ocorreram alguns eventos recentes e desenvolvimentos que mostram o quão vital é a implementação de tecnologias que resolvam problemas atuais e valorizem os dados.
- Segundo Simpósio da OMS sobre o Futuro dos Sistemas de Saúde Digital na Região Europeia: Este evento, coorganizado com o governo português, abordou tópicos como a preparação para pandemias, o uso de IA em medicina de precisão e a importância de sistemas de informação robustos.
- Agendas Mobilizadoras da Saúde: Apresentadas no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, estas agendas visam captar cerca de 180 milhões de euros do setor privado para transformar a área da saúde. Estas agendas são mais do que um plano; são um compromisso com o futuro. Canalizando um investimento total de €480 milhões nos próximos três anos, estas agendas visam transformar o setor da saúde em Portugal. Entre as iniciativas, temos:
- CiNTech: Focada em medicamentos injetáveis complexos.
- SMARTgNOSTICS: Ambiciona revolucionar a saúde global através de dispositivos miniaturizados e IA.
- Health from Portugal: Visa projetar o setor nacional da saúde a uma escala global, fomentando um novo paradigma de gestão da saúde baseado no digital.
- Bio-Hub: Pretende expandir o desenvolvimento de biofármacos inovadores para diferentes patologias.
O objetivo é claro: criar um novo paradigma de gestão da saúde baseado no digital e na inovação.
- Change Health Days @FMUP: Realizado entre 28 e 30 de setembro, este evento focou-se na transformação digital na saúde. Este evento não foi apenas mais uma conferência. O ponto alto foi o Encontro de Parceiros da nova Licenciatura em Saúde Digital e Inovação Biomédica – SauDInoB. Este curso inovador arranca já no próximo ano letivo de 2024/25. Durante o encontro, foram realizados quatro painéis abordando temas como “Análise de dados e Inteligência Artificial em Saúde”, “Investigação Clínica e Gestão de Inovação em Saúde”, entre outros. O objetivo? Debater as necessidades do setor e identificar as aptidões prioritárias.
Durante este período tive oportunidade de testemunhar o interesse que a aplicação da IA na saúde está a ter no Brasil, em particular no âmbito dos cursos de Medicina e Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais. Considero que seria de grande relevância estabelecer parcerias entre instituições portuguesas e brasileiras nestes domínios. Neste momento, a e-MAIS encontra-se em diálogo com a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde para avaliar a possibilidade de uma colaboração que seja vantajosa para ambas as partes. Esperamos poder partilhar novidades acerca deste tema em breve.
Desafios e Oportunidades
Entretanto, é imperativo abordar desafios significativos que se avizinham, nomeadamente a implementação das novas Unidades Locais de Saúde (ULS). As ULS, constituem simultaneamente um desafio e uma oportunidade. A exigência por sistemas de informação robustos e adequados nunca foi tão premente. Estamos perante uma revolução que engloba desde a gestão integrada entre os cuidados hospitalares e primários até à interoperabilidade dos dados e ao envolvimento ativo do utente.
Conclusão
Estamos num momento crucial. A sociedade está sedenta por soluções tecnológicas que não sejam apenas promessas, mas realidades concretas que possam ser implementadas no terreno. São tempos excitantes, mas também de grande responsabilidade. Não basta aplicar dinheiro em tecnologia para termos o retorno que a sociedade espera. Temos que juntos melhor identificar os desafios que justificam os investimentos e planear formas articuladas de os endereçar.
Presidente da e-mais
Ricardo João Cruz Correia